O que afunda o Brasil não são os gastos com pessoal, mas dívida pública, que passou de 30% para 60% do PIB nos dois governos de FHC. E Temer veio para repetir esse comportamento.
“Dívida pública do PIB passou de 30% para 60% entre 1994-2002. Em 2003-2013, percentual caiu para 33,60%
Por: José Prata Araújo
Como se comportou a dívida pública, um dos principais indicadores da política fiscal, no Brasil do PSDB e o do PT? Os dados podem ser vistos na tabela a seguir.
Dívida pública nos governos do PSDB e do PT – 1994 a 2013 – valor nominal e percentual do PIB
Ano | Valor nominal – em R$ bilhões | Dívida enquanto % do PIB |
1994 | 153,162 | – |
1995 | 208,460 | 29,54 |
1996 | 269,193 | 31,90 |
1997 | 308,426 | 32,84 |
1998 | 385,869 | 39,40 |
1999 | 516,578 | 48,50 |
2000 | 563,163 | 47,74 |
2001 | 677,430 | 52,03 |
2002 | 892,291 | 60,38 |
Evolução na era FHC | +482% | +104,40% |
2003 | 932,137 | 54,83 |
2004 | 982,508 | 50,60 |
2005 | 1.040,046 | 48,44 |
2006 | 1.120,052 | 47,27 |
2007 | 1.211,762 | 45,53 |
2008 | 1.168,238 | 38,53 |
2009 | 1.362,710 | 42,07 |
2010 | 1.475,820 | 39,15 |
2011 | 1.508,546 | 36,41 |
2012 | 1.550,083 | 35,21 |
2013 | 1.626,334 | 33,60 |
Evolução Lula/Dilma | +82,26% | -44,35% |
Fontes: Banco Central e IpeaData
Tucanos dobraram a dívida enquanto percentual do PIB
Vejamos o governo de Fernando Henrique. No final de 1994, a dívida pública era de R$ 153,162 bilhões, em 1995 atingiu R$ 208,460 bilhões (29,54% do PIB), sete anos depois, em 2002, no final do mandato do tucano, saltou para R$ 892,291 bilhões (60,38% do PIB). Ou seja, a dívida pública cresceu na era FHC 482% em termos nominais e mais que dobrou enquanto percentual do PIB (crescimento de 104,40%). Não há registro na história brasileira de um processo de endividamento público como no governo Fernando Henrique.
Se alguém tem uma dívida, tem três alternativas para solucioná-la: aumentar a receita, diminuir as despesas e vender o patrimônio. Fernando Henrique fez tudo isso:
subiu a carga tributária em 6% do PIB, desde que tomou posse no Ministério da Fazenda em 1993;
reduziu despesas, ao, por exemplo, arrochar as despesas de pessoal e cortar investimentos;
e vendeu as estatais por US$ 100 bilhões. Ainda assim, mais que dobrou a dívida em termos reais.
Estas medidas impopulares, que impuseram enormes sacrifícios ao povo brasileiro, foram esterilizadas e não surtiram nenhum efeito na melhoria da situação fiscal do país. Pelo contrário, agravaram a situação fiscal por quatro razões:
a) nos momentos de crise internacional, os tucanos elevaram os juros às alturas, para até 45%, o que fez a dívida explodir em 1998/1999, 2001 e 2002, quando o Brasil quebrou três vezes e recorreu ao FMI;
b) mesmo com juros estratosféricos, os tucanos não seguraram a paridade Real X Dólar, a moeda estadunidense disparou, o que fez disparar também a imensa dívida externa e interna dolarizada;
c) o crescimento da economia foi baixo, o que impactou negativamente nas receitas públicas;
c) o superávit primário foi muito baixo, de apenas 1,50% do PIB nos oito anos de FHC.
São os próprios tucanos que reconhecem a péssima gestão fiscal em oito anos em que estiveram no governo. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), de 2002, o governo Fernando Henrique escreveu: “A variável mais importante no longo prazo para conferir credibilidade à política macroeconômica é a relação dívida/PIB – produto Interno Bruto. Uma trajetória estável desta relação proporciona a folga necessária à gestão de eventuais desajustes de curto prazo e reduz o risco financeiro de qualquer empreendimento ou investimento no país”. São os tucanos reconhecendo o próprio fracasso na gestão fiscal.
http://www.fpabramo.org.br/fpadefato/?p=207
Apesar de FHC ter causado todo esse agravamento da situação do país, há muita gente que acha que seu governo foi bom. E a má notícia é que o governo Temer veio tendente a repetir o comportamento de FHC. O motivo é que, quanto mais endividado estiver o país, mais ganham os donos do grande capital. É para esses que essas pessoas governam.
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