PADRE QUEVEDO E A REENCARNAÇÃO

- 10/03/2003 -

 

Eu tenho meu próprio texto sobre a chamada reencarnação. Entretanto, achei por bem publicar aqui a palavra do famoso Padre Quevedo sobre o assunto:

 

Padre Quevedo e a Reencarnação

 

Morrer e voltar à vida num corpo e época diferentes. Esta é a linha de pensamento dos espíritas. Vale lembrar que reencarnação e ressurreição são conceitos absolutamente distintos. Uma leitura equivocada da Bíblia pode criar falsas expectativas sobre a morte.

A reencarnação não foi revelada do “além-túmulo”. Em primeiro lugar, porque não há comunicação dos mortos com os vivos. Trata-se, isto sim, de manifestações do inconsciente e, como tais, deixam-se até influir pelo ambiente. Assim, as “revelações” aos espíritos latinos, ou aos teósofos, falam em reencarnação. Mas, se os “espíritos dos mortos” (na realidade, o inconsciente) se manifestam aos espíritas anglo-saxões, é freqüente que ataquem ou ridicularizem a reencarnação. Os espíritas não-reencarnacionistas são chamados davianos, por ser o anti-reencarnacionista Davis, o principal teórico do espiritismo não-latino, seguido por milhões de espíritas. Daniel Douglas Home, o mais famoso médium espírita de todos os tempos, recebeu comunicações do “além-túmulo” (?) ridicularizando ao máximo a teoria da reencarnação. Se "os espíritos dos mortos aparecem a uma freira, falam do purgatório, do céu, pedem missa, comunhão...”  E quando se manifestam aos ocultistas, falam-lhes do mundo astral, e assim por diante.

Não é do além que veio a doutrina da reencarnação. Muito menos foi revelada por Cristo ou na Bíblia – como se apregoa nos livros dos reencarnacionistas. Eles citam, por exemplo, o evangelho de São João, quando Cristo disse a Nicodemos: “Em verdade, te digo, ninguém, se não nascer de novo, pode ver o reino de Deus”. Quando, porém, Nicodemos perguntou como alguém poderia voltar ao seio de sua mãe, Cristo explicou que as suas palavras não deveriam ser entendidas num sentido reencarnacionista, mas, sim na ordem sobrenatural, no renascer à vida da graça pelo batismo. Cita-se ainda São João Batista como sendo a reencarnação de Elias. Na realidade,
Elias, no conceito dos judeus, ainda não morrera. Por isso, não poderia se reencarnar, claro. As frases bíblicas em que se anuncia São João como precursor de Cristo no Espiritismo e no poder de Elias (Ls. 1, 17) não têm nenhum sentido reencarnacionista. O próprio Batista, perguntado se ele era Elias que teria voltado, respondeu: “Não sou Elias” (Jô. 1, 21).

Toda a doutrina de Cristo sobre a transferência eterna desta vida, sobre os sacramentos, a graça e redenção contradiz a teoria reencarnacionista. Ao ladrão crucificado com Cristo (quantas reencarnações esperariam a um ladrão, segundo a teoria reencarnacionista), ele disse: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23,43). A doutrina de Cristo é resumida claramente por seu apóstolo quando escreve: “
Está estabelecido que os homens morram uma só vez, depois disto se fará o julgamento" (Br nove, 27). Quanto ao "argumento”, das desigualdades humanas, a própria médium espírita Anatólia Bari o refuta: “É para resolver as desigualdades que os espíritos (para os latinos) ensinam a reencarnação? Não sabem que não há dois seres, duas coisas completamente iguais na natureza e que não se pode encontrá-los nem no espaço imenso e nem ao longo do tempo?”...

Pessoas nascem com deficiência física ou mental. Acaso não há falhas na natureza também nos animais, nas plantas? Aquela árvore retorcida, com ramos secos, a ovelha que nasceu com duas cabeças morrendo poucos dias depois, tudo isso é devido à reencarnação? E o que dizer do problema da dor? Seria castigo da imoralidade em vidas anteriores? Que absurdo! Os heróis, as vítimas inocentes da crueldade humana, os apóstolos, a Santíssima Virgem ao pé da cruz, o próprio Cristo seriam então até dignos de desprezo? Teriam tido as piores e mais imorais existências anteriores?

Apresentar “lembranças” de vidas anteriores como prova de reencarnação supõe muito pouca lógica. Nem sequer poderiam demonstrar que estão se referindo a acontecimentos passados (quanto menos terem vivido por essa mesma pessoa). Porque de duas uma: ou daqueles acontecimentos passados ficam alguns vestígios ou não ficam. Em caso positivo, antes de pensar em lembranças reencarnacionistas, reconhecimentos traduzidos de vidas anteriores, haveria que excluir as explicações normais e parapsicológicas. E, se não fica vestígio nenhum, qualquer caso que se cite de “lembrança” de vidas anteriores não vale absolutamente nada em ciência, pelo simples fato de não poder ser comprovado.

Enfm, acumular casos de prosopopéia ou dramatização tipo reencarnacionista, de que vale, a não ser para provar a absoluta falta de metodologia científica dos autores de tais antologias? Que volumosas coleções de casos poderiam se fazer com prosopopéias tipo inspiração de musas, pitões, fadas ou demoníaca? E cientista deve explicar essas prosopopéias e não só aceitá-las. A parapsicologia teórica já comprovou que são anticientíficos e absurdos os “argumentos” apresentados em defesa da efetiva reencarnação.
Anais – janeiro - 2001.

 

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