ENXERGAMOS O QUE SOMOS ENSINADOS A ENXERGAR
- 10/05/2002
“Enxergamos o que somos ensinados a enxergar”. Não é frase minha, mas de
religiosos, tentando explicar a razão de outras pessoas crerem diferentemente
deles e não verem os entes espirituais por eles vistos. E têm razão em parte.
Assim como eles, os que não vêem o que é visto por eles não receberam o
ensinamento por eles recebido. Ou até receberam, mas também conheceram outras
posições.
Eu nasci em família católica, aprendia com minha mãe diversas orações e lia o
catecismo. Em um ambiente rural, infestado das mais grotescas superstições,
ser-me-ia possível avistar nos momentos invisíveis da noite o que viam muitos
dos meus vizinhos. Todavia, até influenciado pelo meu irmão mais velho, que
procurava ver de perto todas as assombrações que encontrasse no caminho,
verifiquei que tudo que se me apresentava como os entes sobrenaturais de que
falavam as pessoas eram coisas da natureza que assumiam formas desenhadas nas
nossas mentes pelas pessoas que acreditavam em todo aquele universo imaginário.
Entretanto, não obstante não os visse nunca, eu não duvidada da existência de
Deus, anjos e o Diabo.
Ao começar a ler a Bíblia, sentia que muitas coisas estavam muito distonantes do
que a religião ensinava. Porém, ao conhecer outra religião, esta veio a
apresentar o que imaginei ser a “VERDADE”, a Igreja Católica se apostatara e
desviara dos verdadeiros princípios divinos.
Por alguns anos, tudo parecia muito claro, até que comecei a perceber
contradições na nova doutrina, na qual estava me aprofundando. Tentei descobrir
entre as milhares de igrejas quem realmente estaria com a chamada “verdade”,
mas, não demorou muito, vi a própria Bíblia como o mais contraditório dos
livros. Tudo que fizera tentando apurar a verdade só me levara ao aumento da
dúvida.
Descobrindo na chamada “palavra de Deus” um pensamento humano bem mais primitivo
do que o de meus dias (ver
Um Ateu Graças a Deus...), passei a analisar tudo que ouvira que
fosse considerado indício da existência das divindades. Nada me parecia provar
que fosse mais justificável crer na existência de “Jeová”, “Alá”, ou “Deus” do
que de “Júpiter”, “Saturno”, “Diana”, “Baal”, “Moloque” ou qualquer outro deus
de quaisquer povos.
Revendo tudo que se me apresentara em todos os tempos, não vi diferença entre
religião e mitologia, a não ser a diferença feita na mente de cada um.
Se meus familiares me ensinaram a ver Deus, anjos, demônios, espíritos, etc., os
fatos e circunstâncias da vida me ensinaram a ver outras coisas (Ver
).
Para evitar ver só o que nos ensinam a ver, devemos sempre
observar os vários lados divergentes. Assim, termos mais segurança ao
optar pelo que acharmos real. Se nunca questionamos, e aceitamos
passivamente a primeira coisa que ouvimos, estaremos sempre enxergando só "o que
somos ensinados a enxergar".
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