RISCO DE CUNHA NA
PRESIDÊNCIA
Com impeachment,
Cunha pode virar presidente
por três meses
Cunha na presidência
realizaria o sonho dos
neopentecostais
Como o crescente mar de corrupção está enlameando também a olhos vistos a
campanha eleitoral da presidente, a hipótese de haver o impeachment da Dilma
Rousseff parece a cada dia mais viável.
Se o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) “convidar” a Dilma para se retirar, o que
ocorrerá no dia seguinte? Quem ocupará o lugar vago?
Se o Tribunal decidir que o vice-presidente Michael Temer (PMDB-SP) também tem
de sair, por ele ter sido eleito na chapa da Dilma, a Presidência da República
poderá ficar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo menos por
três meses, que é o tempo necessário para convocar novas eleições.
Se isso acontecer, estará se realizando o sonho dos evangélicos neopentecostais
de assumirem o cargo mais importante do Executivo brasileiro. Eles
poderão
fincar defronte ao Palácio do Planalto a placa "O Brasil é do Senhor Jesus".
E o que seria do Brasil tendo o Cunha como presidente, ainda que por 90 dias?
Não é aconselhável fazer especulações em cima de hipótese, a de que Cunha se
torne presidente da República.
Mas é possível dizer com certeza que Cunha, como presidente da Câmara,
tem
demonstrado ser um político inescrupuloso, a ponto de introduzir em uma Medida
Provisória do ajuste fiscal uma emenda que beneficia pastores com isenção de
impostos. Ele é rápido e age na calada da noite.
Seguidor da Assembleia de Deus, Cunha é um cristão fundamentalista — estaria
mais bem encaixado no tempo se tivesse nascido na Idade Média.
Com arrogância, ele prega que o casamento necessariamente tem de ser entre um
homem e uma mulher, como está na Bíblia, e nega igualdade de direitos aos
homossexuais.
Cunha também está na lista de suspeitos da Operação Lava Jato, porque teria sido
um dos que receberam grana do doleiro Alberto Youssef. A Polícia Federal está
investigando.
Isso enfraquece a hipótese de ele ocupar a vaga de Dilma, se houver impeachment.
Outra hipótese de substituição à presidente Dilma seria dar posse a Temer, a
exemplo do que ocorreu com Collor de Mello em dezembro de 1992, quando o vice
Itamar Franco assumiu a presidência.
Uma terceira possibilidade seria empossar o segundo classificado nas eleições,
Aécio Neves (PSDB-MG).
Mas tudo depende do rumo que tomar a crise política, que ainda está no começo.
Com informações das agências.